No último domingo (24), minha saudosa turma de escola (Padre Eustáquio), reuniu-se para comemorar nossos 25 anos de formados, na Chácara Paradise, em Poá (São Paulo).
Muita gente, como é de praxe, não foi. Mas a maioria de “nós” estava lá, revendo os grandes parceiros da juventude, apresentando as famílias, relembrando histórias e diluindo as saudades.
Saudade dos amigos, de tudo o que vivemos, mas principalmente de quem fomos. De nossa versão mais simples, ingênua e até “demodê”. Saudade mesmo do que nem lembrávamos mais_ pequenos incidentes que viraram anedotas_ mas que os amigos lembram por nós. Daquilo que fazíamos, dos papéis que interpretávamos, dos apelidos e manias tão singulares.
Rimos muito, contamos casos, relembramos festas memoráveis. Testemunhamos a passagem do tempo no rosto e no relato de experiências de cada um. Por algumas horas esquecemos nossos dramas, a vida lá fora, as dificuldades cotidianas. A vida trouxe cicatrizes ,visíveis ou não, mas ali tivemos a sensação de que o tempo não passou. De que naquele hiato de 25 anos permanecemos os mesmos, independente dos rumos e feições adquiridos.
Alguns dirão: “Ahh…isso é nostalgia sua…” Pode ser. Mas o fato é que estar ali de alguma forma me conectou à menino que fui, numa época de incertezas e indefinições em relação ao futuro . E ver todos nós, vencedores aos quase quarenta (uns mais até, más todos jovens por dentro), me encheu de alegria.
Mesmo que não tenha sido unânime a disposição para o encontro, cabe entender que para um encontro de turma funcionar de verdade é necessário deixar a razão de molho, ignorar os custos, as distâncias, o cansaço. Não contabilizar afinidades, tempo transcorrido ou divergência de mundos. Não pesar opções mais confortáveis e menos onerosas. Tudo isso só faria sentido se não houvessem memórias.
Mas hoje percebo que o tempo pessoal medido em sua relação com a memória deveria ser o verdadeiro tempo.
Reencontrar amigos significa localizar a nós mesmos, é estar alinhado com uma porção de nós que existiu e se diluiu, mas necessita ser ativada de tempos em tempos. É reencontrar nosso referencial, o pedaço de nossa história a partir do qual tudo o mais virou mera comparação e entender que, se algum dia fomos tocados, essa relíquia permanece conosco. Requer coragem, pois implica deixar o instinto de autopreservação em casa e se arriscar.
A gente se reabastece. A sensação é mais ou menos como voltar à terra natal, rever a casa que morou na infância, esbarrar num grande amor ou provar uma receita de família.
Existe poesia no reencontro… Um encantamento sentido por aqueles que se deixaram cativar. Como um amigo querido que viajou 1600 km só para passar algumas horas conosco. Acredito que apesar do cansaço, TODOS voltaram leves e certamente puderam agregar partes de si mesmos, sob o olhar generoso e cúmplice de cada um dos presentes.
Paramos o tempo, reativamos as células afetivas e descobrimos que mesmo longe nós SEMPRE estivemos perto e que não importam mais os caminhos trilhados , somos todos "Formandos da E.E.P.G Padre Eustáquio!! "
Por Biinho Oliveira / Foto: Gilberto Santos